Casamento Homossexual

Sim. Eu sei que este tema já está muito falado mas eu acho que cada pessoa, cada cidadão deve ter a sua opinião, partilhando-a e lutando pelo que defende.
Toda a gente que me conhece sabe que sou liberal e luto pelo fim da discriminação. Defendo a diferença de opiniões em todos os assuntos. Os económicos, os políticos, os que envolvem diplomacia e política externa, etc. Mas há uma excepção. Não percebo ou melhor, não compreendo como é que, em pleno século XXI, sem a presença dominante e opressiva dos valores defendidos pela Igreja Católica no nosso quotidiano é possível a presença de tamanha discriminação e repulsa pelos homossexuais.
O primeiro ponto que gostaria de frisar é que união de facto e casamento não são, legalmente, a mesma coisa. As diferenças mais significantes e que causam maior desconforto são a nível de heranças. O direito de herdar o património do/a parceiro/a é automático quando casado mas, aquando a união de facto só passado dois anos de vida em conjunto.
Vivendo em união de facto, as visitas a hospitais e prisões (visitar o companheiro) são barradas, as dívidas contraídas são unipessoais e não do casal, não é dada a opção de adoptar o apelido da pessoa com quem vive, etc...
Mas mais importante que todas as questões legais que têm impacto no dia-a-dia dos casais homossexuais que são obrigados a viver em união de facto é a discriminação de que sofrem, por parte do estado.
Outros argumentos como "gostar de pessoas do mesmo sexo não é natural" ou " vivemos num país maioritariamente católico. Isso é uma indecência e pecado" são dos tais que eu considero ridículos.
Sentir atracção por um ser do mesmo sexo é tão natural que os nossos antepassados o faziam (antes de ser introduzido o estigma contra esta opção) e várias espécies de animais vivem com isso no quotidiano. E quanto à maioria católica... Primeiro vivemos num país cujo estado é laico e (supostamente) não sofre a influência/pressão da Igreja Católica. Em segundo lugar, o casamento homossexual estava presente nas candidaturas dos partidos de esquerda (que ganharam e possuiem, neste momento maioria absoluta na Assembleia da República), legitimando assim esta decisão de aprovar a legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo sem referendo.
Quanto à comparação a escolha de aprovar sem referendo neste caso e referendar as IVG existe uma grande diferença. A segunda temática já tinha sido referendada e chumbada pelo povo Português pelo que se impunha uma nova consulta popular.
Finalizando, esta sexta-feira, dia 8 de janeiro de 2010, Portugal venceu mais uma barreira contra a discriminação. Venceu Portugal, venceram os ideais de igualdade e venceram os portugueses que lutaram por esta causa (de louvar o empenho da juventude).
Se algum leitor não concordar ou tiver mais argumentos contra a legalização do casamento gay sintam-se à vontade para escrever um comentário ao qual irei responder.
Após este grande passo no caminho de um Portugal e de uma sociedade mais liberal e menos desigual espero que as mentes mais conservadoras deste país se começem a liberalizar e que os homossexuais não tenham que viver "no armário" e se possam assumir sem medo de represálias.
Agradeço a quem leu este post e às pessoas que lutaram para que, quando eu for adulto, possa viver num país mais livre e menos preconceituoso e que esteja habituado a ver casais homossexuais livres.
Após esta batalha que venha a adopção por parte destes casais. Mas isso fica para outro post...
1 Response
  1. Anónimo Says:

    A questão não é a discriminação e a repulsa (que alias não demonstra a indecência mas sim a ignorância da sociedade). A questão é, com tanto dinheiro a ser desviado a ser extorquido a ser desperdiçado, porquê tanta atenção a este tema? Daí a minha opinião de que este tema foi uma forma de desviar a atenção da comunicação social de outros temas que podiam ser impertinentes ao Sr.1ºMinistro. Também posso ser só eu e a minha mania da perseguição...